Bate papo no Culpa, não!

Culpa, não! Agosto_2013

Participantes do brunch do Culpa, não e eu, ajoelhada – a segunda à esquerda.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ontem foi um dia muito especial!! Brunch delicioso moderado pela Monica Figueiredo, editora da Revista Pais & Filhos com a presença de mães e leitoras da revista. Papo muito animado com o tema do cansaço das mães. Sim, cansaço!  Estive presente participando do bate papo e também respondendo perguntas pelo FB da revista.

Aqui, algumas das perguntas e respostas.

Revista Pais e Filhos: Cansar e recomeçar – Acesse: http://revistapaisefilhos.uol.com.br/culpa-nao/cansar-e-recomecar

Homens e mulheres: MUITA coisa mudou. Nem TUDO mudou!

O que mais se ouve falar é o quanto os papéis sociais, de homens e mulheres mudaram ao longo dos últimos anos. Mulheres não votavam, hoje votam. Homens não se preocupavam com estética, hoje se preocupam. Mulheres não lideravam empresas, hoje lideram. Homens não frequentavam reuniões de escola, hoje frequentam. A lista poderia seguir com outras muitas coisas que hoje, diferentemente do passado, homens e mulheres fazem diferente. Claramente os papéis se transformaram e vivemos numa sociedade muito diferente daquela de nossos pais ou avós. Até ai, sem novidades.

Mas o que mais me surpreende não são as mudanças e sim a preservação de certos padrões comportamentais. Sobre o que não muda, há menos espaço de discussão. Acredito que as pessoas, e até mesmo a imprensa, gostem muito mais de enaltecer as mudanças e o lado contemporâneo da sociedade, do que lembrar o que pouco ou nada muda. Falar do que se transforma é mostrar-se uma pessoa atualizada e “cool”. Falar do que não muda pode parecer ser alguém retrógrada e careta.

Mas não me envergonho em nada em mostrar, pelo menos em alguns momentos, que não mudamos em tudo no que se refere a papéis de homens e mulheres. Para ilustrar esse ponto,  revelo o que aconteceu, dentro de minha família.

Minha filha, com 19 anos, estuda fora do país. Ao se mudar, no ano passado, precisava arrumar o novo apartamento onde iria morar com uma colega de faculdade, dentro do próprio campus. Sem nem discutir o assunto, “naturalmente”, fui a escolhida para acompanhá-la nessa mudança, afinal, poderia ajudá-la a escolher os complementos necessários para equipar o novo apê: abajur, colcha, utensilios de cozinha, panelas, um quadro para enfeitar a parede e ainda decidir a melhor posição para organizar os móveis. Não houve sequer um segundo de dúvida, eu seria a pessoa ideal para ajudá-la. Por quê? Simplesmente porque isso não mudou: quem é a pessoa mais habilitada para assuntos domésticos, dessa natureza, são as mulheres. Ou seja, coube a mim essa missão. E confesso que adorei, claro.

Um ano depois, uma outra situação, também vivida por minha filha. Dessa vez, o apartamento já estava mobiliado e funcionando. A função da mulher já estava resolvida. Surge uma nova demanda: ela iria comprar um carro usado e precisava de apoio para uma escolha mais segura. Adivinhem quem foi? Meu marido! Por quê? Simplesmente porque carro é território mais do masculino. Falar das vantagens do freio ABS, quantos cavalos tem o carro ou dizer se esse fabricante tem maior valor de revenda do que o outro tendem a ser temas mais instigantes para homens. Claro, ambos foram juntos e resolveram com eficiência a compra do carro.

Por que contar toda essa história? Em nenhum momento para mostrar que mulheres são incompetentes para comprar carros nem que homens não entendam nada de decoração. Sabemos todos que isso não é verdade. Há homens craques em decoração e mulheres experts em carros. Mas, apesar disso, ainda esses territórios tem uma espécie de “gene dominante”. Ainda no universo da decoração o “ gene dominante” é feminino e nada mais natural do que a mãe ir acompanhar a filha nessa tarefa. Da mesma forma, no território dos automóveis, o “gene dominante” é masculino e meu marido se dedicou com afinco à tarefa, mesmo não sendo um homem daqueles super entendido de carros.

E o mais interessante de tudo isso é que, para nossa filha, as tarefas atribuídas para cada um de nós, soou muito natural. Ela sentiu-se absolutamente segura com a divisão de tarefas que promovemos. Sentiu-se tão bem que nem passou pela cabeça dela questionar. Mais do que isso, ouvi-a falar várias vezes para mim algo como: “ainda bem que você que está comigo para escolher a estampa da colcha, o papai não teria essa paciência”. Mesmo uma jovem de 19 anos, cabeça muito arejada, cidadã do mundo, vê com naturalidade essa divisão de papeis entre homens e mulheres. E mais do que isso, enxerga que esse formato é o que traz os melhores resultados.

Não sei dizer se isso vai mudar ou não. Tampouco sei se esse modelo que temos hoje é bom ou ruim. Apenas tenho a certeza, ao analisar essa situação que acabei de descrever, de que as coisas não mudaram totalmente. Ou seja, mesmo com as mulheres chefiando mais de um terço dos lares, mesmo com os homens cada vez mais presentes na vida dos filhos, mesmo com as mulheres estudando muito mais, mesmo com os homens sendo cada dia mais vaidosos, ainda temos “genes dominantes”  muito fortes que estão impregnados em nossa cultura.  Sabe-se lá se algum dia eles se tornarão recessivos. É viver para ver!

Do papel almaço ao upload, ou do upload ao papel almaço!

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Vivemos como nunca antes em uma sociedade que se transforma a cada dia. Hoje tudo é diferente: papel almaço virou arquivo em power point, entregar pessoalmente trabalhos impressos para o professor transformou-se em  “upload” de arquivos no portal da escola e conversar com a monitora da classe para tirar dúvidas cedeu lugar ao “chat” virtual.

A geração de nossos filhos vive uma realidade completamente diferente da que vivemos, em muitos sentidos.  A velocidade é outra, a possibilidade de acessar conhecimento é infinita e o mundo é pequeno para tudo o que eles querem conquistar. Facebook, Skype, Google Earth e aplicativos de todos os tipos mexeram com a forma com que nossos filhos se relacionam com o mundo. A Educação não ficou imune a essas mudanças sociais e, como resposta,  escolas equipam-se para falar a língu

a do jovem aluno. Assim,  oferecem tablets, lousas que se conectam à internet, aulas de robótica e empreendedorismo. Giz é quase um objeto de museu, ficando lado a lado do “papel almaço”. Quem de nós, pais, não se lembra do papel almaço?

Nostalgia? Sim, um pouco. É dificil não ter. Aliás, até minha filha, do “alto” de seus 19 anos, ao ver uma daquelas lousas “mágicas” em que as crianças podiam desenhar e bastava raspar uma lâmina que rapidamente o desenho sumia e tinha-se uma nova folha par

a desenhar, soltou uma frase curiosa: “essa geração está perdida, agora com iPad, eles nem tem mais prazer com essas lousinhas”. Mas essa discussão vai muito além da nostalgia e da disputa entre gerações.

Como pais, diante desse cenário de transformação, temos nos dedicado a entender o que mudou e nos esforçamos para educar nossos filhos a partir disso. A educação, seja dentro das escolas, seja a que pais promovem em casa, é impactada pelo modo de vida contemporâneo.  Isso é ótimo e tem um papel importante na relação dos alunos com a escola e também na dinâmica entre pais e filhos.

Mas o que me fascin

a não é aquilo que muda na vida de nossos filhos mas sim aquilo que não muda. Quando falamos em Educação, talvez tão importante quanto entender o que muda, é compreender o que não muda. E para isso sinto que há menos espaço e ainda pouca discussão e reflexão. Mesmo sem ser uma especialista no assunto, ouso dividir com vocês 5 ideias que a meu ver são eternas quando discutimos o tema Educação.

1. Educação começa em casa e se expande para a escola. Parece óbvio, certo? Acho que poucos pais discordarão dessa afirmação, n

a teoria. No entanto, na prática, vemos muitas vezes essa frase tão óbvia ser esquecida. A escola não faz o papel dos pais e mesmo assim ainda vemos muitas famílias esperarem isso das escolas. Claro que as boas escolas têm um forte trabalho de estimular o desenvolvimento de alunos críticos, socialmente responsáveis e éticos. Mas de nada adianta o ambiente escolar proporcionar um ambiente propício para esse desenvolvimento do aluno, se ele não encontra ressonância dos mesmos princípios dentro de sua casa. Aliás, acredito que a melhor escola para uma criança é aquela que pratica valores que se aproximam dos valores daquela família. Não necessariamente será a mais próxima de casa, nem a que mais aprova no vestibular. A melhor escola é a que se apresenta como uma continuação natural do que se pratica em casa. Afinal, Educação é um processo que se inicia na família e se expande para a escola e, como tal, precisa ter uma linha mestra, única e clara para todos os envolvidos. Resumindo, educação exige coerência.

2. Pais educam pelo qu

e falam e mais ainda pelo que praticam. Espanta-me muito alguns pais que, ao levarem seus filhos para a escola em busca de uma educação de qualidade, já na porta da escola, dão aulas de má educação. Exemplos desse tipo já podem ser constatados na própria porta da escola: ignorar a faixa de pedestres para ceder a passagem às crianças, andar em velocidade indevida para uma rua escolar ou parar em fila dupla são apenas alguns deles. Onde quero chegar com isso? Alguns pais ainda veem educação como algo que se ensina com palavras apenas. Ignoram que os atos são tão ou mais persuasivos que as palavras. Se efetivamente queremos educar nossos filhos a serem éticos e responsáveis, precisamos educá-los pelo exemplo. Afinal, desde pequenos, crianças apreendem o mundo pela repetição. Não acreditem que teremos adultos éticos se em nossa prática cotidiana não formos 100% éticos. Afinal, pais são modelos e como t

ais, representam padrões para serem imitados e até mesmo idealizados. Resumindo, educação exige praticar o que se prega.

3. Educação dá trabalho. Não há formulas mágicas no campo da educação, daquelas que as revistas femininas costumam anunciar para emagrecimento instantâneo. Educação é um processo, é a arte da persistência, é o exercício do dia a dia, é co

mpromisso total. Mesmo num mundo tão acelerado como o que vivemos, não há como pular etapas. Seja a Educação formal (das escolas), seja a educação promovida pelos pais, em nenhuma delas vemos que há receitas “básicas”. Aliás, educar está mais para uma culinária tipo “gourmet” do que para receitas de “liquidificador”. Educar é escolher as palavras, como se escolhe os ingredientes; é organizar e definir prioridades, como estudamos a sequência precisa no preparo de uma receita; é dar tempo para amadurecer, como pacientemente aguardamos o ponto exato do bolo. Resumindo, educação exige dedicação.

 4. Educação

 pede presença. Calma, não estou dizendo que filhos de mães que trabalham ou de pais que tem longas jornadas profissionais estão sendo pais pouco atenciosos. Para mim, presença tem outro sentido, menos literal e mais relacionado à disponibilidade mental. Há mães ou pais que estão com os filhos por muitas horas. Outros, por impedimentos diversos, têm um número mais limitado de horas com os filhos, no dia a dia. Independente da contabilidade das horas “reais”, ambas as famílias podem ter presenças “mentais” suficientes ou insuficientes. O que não podemos é acreditar que estamos educando nossos filhos quando algumas vezes estamos apenas “pseudo” presentes. Estar presente por inteiro signif

ica estar disponível, física e afetivamente. Podemos fazer isso com mais horas ou com menos horas. Na verdade a contabilidade é menos de horas “brutas” e mais de horas “líquidas”. Ou seja, o quanto nos mostramos emocionalmente disponíveis para nossos filhos. Resumindo, educação exige disponibilidade mental.

5. Educação pressupõe customização. Esse talvez seja mais um dos clichês relacionados à Educação. Porém, em Educação, nunca é demais repetir. Quem já não ouviu a frase: “cada filho é um filho”. Apesar de ser uma verdade que ouvimos até de nossas avós, muitas vezes ficamos comparando nossos filhos com o filho da vizinha ou mesmo comparando o caçula com o mais velho ou a menina com o menino. Acho que comparar é inevitável e pode ter um lado bom, se olharmos sob a ótica de entender as diferenças e não de cobrar para que todos tenham comportamentos semelhantes. Muitas vezes o que funciona com um filho não tem nada a ver com o outro. Educar é pensar em estratégias customizadas para cada filho. Em educação não existe o modelo “one fits all”. Educar é entender cada indivíduo e atuar de forma única. Não se iludam, achando que o que serviu para um filho vai servir para o outro, nem nas coisas mais simples, como a

escolha de uma chupeta, até as mais complexas, como a escolha da escola, por exemplo. Aliás, há famílias que optam por mais de uma escola exatamente por isso, escolas com a “cara” de cada filho. Resumindo, educar exige olhar o indivíduo.

 Poderia seguir listando outros “N” pontos que para mim são eternos no campo da Educação. Mas de jeito nenhum quero deixar a impressão de que a tecnologia atua contra a Educação. Apenas acredito que uma coisa não substitui a outra. Tablets não substituem um bom professor, mas são ferramentas que enriquecem o aprendizado. Chats não substituem o olho no olho, mas garantem o contato com o professor muito além da hora da aula. Ou seja, não se trata de uma disputa de mocinho e bandido. Apenas acho que os holofotes têm se voltado mais fortemente para o lado dos avanços promovidos no campo da educação do que para as raízes do processo educacional. Nunca é demais relembrar alguns ensinamentos que são eternos e que não foram enterrados pela tecnologia nem pela velocidade da era em que vivemos.

Enfim, ainda bem, muito coisa mudou no mundo da Educação. E, ainda bem, nem tudo mudou no mundo da Educação. Papel almaço e upload, em seus sentidos figurados, continuarão a ser importantes pilares da Educação.

Artigo originalmente publicado na Revista RA.

Vidacorrida.com

 

 

 

 

Até há algum tempo, responder a um telefonema no dia seguinte ao recebimento do recado era considerado um retorno rápido e aceitável. Hoje, em tempos de hiper-velocidade,  demorar mais do que duas horas para responder a um email é quase um pecado.

Velocidade passou a ser a medida do sucesso. “Real time” é a ordem do dia e tudo gira em torno desse ritmo frenético.  Produtos são vendidos com a promessa de economia de tempo, as propagandas exaltam ofertas relâmpago, os serviços de delivery disputam quem faz entregas no menor prazo e o “ fast track” dá a tônica da vida.

Nossas vidas, mesmo aqueles que moram isolados em condomínios nas grandes cidades, não ficam imunes a esse ritmo. Muitos de nós vivemos em casas bastante equipadas, com produtos de última geração, alguns deles que compramos com a ilusão de economizarmos tempo.  Nessa lista de compras incluímos  macarrão que fica pronto em menos de 3 minutos, iPads que trazem aplicativos com acesso direto às lojas preferidas, TVs que gravam para vermos depois, quando der tempo! Sem falar na banda larga que antes parecia tão rápida e agora já nos vemos impacientes com sua lentidão em alguns dias. Pensar que já tivemos que nos conectar à internet via “dial up” parece hoje um pesadelo pré histórico.

Vivemos uma era guiada pelos cronômetros, nossos relógios ficaram obsoletos mostrando as horas, longas horas num mundo que pede a velocidade dos segundos. Muitas vezes me vejo ansiosa “esperando” a inicialização do computador ou à espera da abertura de uma página na web.  Em geral, nessa era em que vivemos,  tudo parece mais lento do que gostaríamos.

Ufa! Já me canso só de relatar quão refém dessa velocidade estamos nos tornando. É inevitável “gastarmos” um tempo para refletir sobre como  esse ritmo intenso está afetando nossas vidas e de nossas famílias. Será que conseguiremos, no meio de tudo isso, dar um “pause” nessa corrida maluca e curtir nossos filhos? Andar pelo lago sem olhar  para o relógio? Sair com o marido sem hora para voltar? Curtir um jantar em família, em volta da mesa, sem a pressão do tempo para levantar correndo e checar o Facebook? Nossa, ainda temos mais isso para consumir nosso tempo!

Muitas vezes me pego acelerada e mal conseguindo ter prazer em coisas pequenas do meu dia a dia. Que pena, não deveria ser assim, certo? Será que com essa fúria do acelerador vai dar tempo de curtir a vida ou vamos ser espectadores de nossa história, vendo-a passar rapidamente, como se olhássemos pela janela de um trem a 200 km/hora?

Também sou refém do tempo, equilibrando muitos pratinhos e creio que exatamente por isso acho que essa reflexão é urgente. Muitas vezes nossas vidas de equilibristas ganham ares de gincana, com sucessivas provas, numa corrida sem fim. Torna-se fundamental abrirmos espaço para essa reflexão, afinal, nada mais verdadeiro que o ditado: “a vida é uma só”.  Certamente pensar e discutir esse tema  é um primeiro passo para uma vida melhor, para nós e para nossas famílias. E para isso não pode faltar tempo!

A luta continua

É cada vez mais comum vermos mulheres liderando empresas ou em cargos de alto escalão. São inegáveis as conquistas femininas nesse campo e isso nem é mais tão notícia assim. Mas o que ainda surpreende é quão pouco as mulheres caminharam na divisão de tarefas. Todos os dados que leio relacionados à carga horária das mulheres dentro de casa apontam para a mesma direção: a mulher soube entrar nas empresas mas não soube delegar a casa ao marido. Cabe ainda às mulheres, com exceção das muitos ricas (que pagam para alguém cuidar disso), ter a dupla jornada, trabalhando muito dentro e fora de casa. Hoje, lendo ao jornal Estado de São Paulo, o sociólogo pesquisador da Universidade de Brasilia, Marcelo Medeiros, aborda muito bem esse ponto, fazendo-me refletir sobre uma ideia: ainda há muito o que mudar no que se refere à igualdade entre homens e mulheres. Aceita-se muito bem mulheres presidindo empresas mas poucos homens são corajosos o suficientes para serem “apenas” donos de casa. Ainda prevalece sobre eles o estereótipo do provedor. Ele pode até  “dar uma mão” nas tarefas da casa mas essa gestão ainda é feminina.

Não sou defensora da igualdade absoluta entre gêneros mas sim a favor da liberdade de escolha. Nesse quesito acho que tanto homens como mulheres ainda vivem numa encruzilhada. Mulheres porque não se libertaram das tarefas da casa, apesar do excelente desempenho no mundo corporativo. Homens porque sentem-se pressionados para produzir “fora de casa” e sentem-se impedidos de fazer uma outra opção, que não essa.

Pois é, para quem acha que muitas mudanças rolaram, sem dúvidas, isso é inequívoco. Mas a luta ainda continua. Para elas e para eles.

Mãe é tudo igual?

 

“Mãe é tudo igual, só muda de endereço!” Quem já não já escutou essa frase ? Acho que todas nós já ouvimos muito, desde que somos filhas e ainda mais quando viramos mães. E, na maioria das vezes, vestimos a carapuça e nos vemos mesmo como muito parecidas e isso até nos proporciona algum conforto, afinal não estamos sozinhas em nossos dramas, medos e curiosidades. Aliás, nesse momento em que escrevo, estou assistindo a um programa no GNT cujo nome é “Mãe é mãe”. Mães apaixonadas e ansiosas comentam as mudanças dos filhos, as gracinhas e progressos. E nós, como telespectadoras, ficamos na TV “babando”, lembrando dos nossos “bebês” em casa e nos identificando totalmente. Afinal, mãe é mãe, certo?

Pois é, eu também achava isso, ou melhor, continuo achando. Porém, lendo um jornal italiano me deparei com uma curiosa classificação de “tipos” de mães. Na verdade, são tipos variados de mães que povoam diferentes paises. Assim, apesar de compartilharem muitos sentimentos relacionados à maternidade, trazem uma “lente” própria para vivenciar o papel de mãe. Divido aqui com vocês os tipos de mães trazidos por esse artigo.

Mãe italiana: é a mãe que “choca” os filhos, fica com eles embaixo de suas asas o tempo todo. Tem uma enorme preocupação com alimentação, mais do que outras mães. É afetuosa, protetora e se ocupa quase integralmente deles.

Mãe francesa: é a mãe descontraída, que dá mais liberdade aos filhos, deixando-os mais livres para brincar.  Não fica obcecada e nem cria expectativas exageradas em relação aos filhos. Nada adepta de “junk food”.

Mãe chinesa: é a mãe tigre, proibe televisão e videogame, impõe aulas de música, preferencialmente de violino e piano. Mantém uma forte pressão em cima dos filhos.

Mãe inglesa: é a mãe silenciosa, passa a maior parte do tempo sem falar muito. Não repete continuamente as ordens e nem confere aos filhos um status especial na familia.

Mãe americana: é a mãe neurótica, que tem medo de tudo.  Quer vigiar todos os passos do bebê e é mais liberada na alimentação.

 

E nós, mães brasileiras, quem somos? Como somos? Apesar de sermos todas iguais e de saber que mãe é mãe, nosso endereço  é  outro e, portanto, devemos ter traços próprios da maternidade brasileira.  Não vou me furtar a dar a minha visão  da mãe brasileira, sem achar que esta seja definitiva. Pensando nisso, não consegui chegar a apenas um tipo de mãe brasileira. Para mim, a mãe brasileira pode ser a mãe insegura, a que adora ouvir a opinião de todos para decidir o que é melhor para seus filhos. Também a mãe brasileira pode ser a mãe amiga, aquela que estabelece uma relação mais de igual com os filhos, com uma hierarquia não tão rígida e com limites mais elásticos. Ou ainda a mãe culpada, com um sentimento de culpa sempre em alta, mesmo que seja bastante presente no dia a dia dos filhos. Ela sente que está devendo alguma coisa aos filhos e busca formas de “compensar” essa culpa, por exemplo, presenteando-os com mimos. Tem ainda a mãe perfeita, a que se cobra para sempre para tirar nota 10 em tudo, quer fazer tudo da forma mais perfeita possível, muitas vezes gerando um enorme estresse para atingir esse objetivo. Mas nem assim desiste em buscar a perfeição na maternidade.

Americanas, chinesas, francesas…e brasileiras. tenho certeza que cada uma a seu modo, em última instância querem ver seus filhos saudáveis e felizes. Nesse ponto não há dúvidas: mãe é tudo igual. Mas nossos endereços, o lugar onde nascemos ou fomos criados, trazem uma lente particular sobre a maternidade. Ou seja, nosso endereço conta e muito. Ouso assim a sugerir um ligeiro ajuste no ditado popular e propor uma revisão:

               “mãe é tudo igual mas o endereço faz muita diferença!”