[Mães equilibristas]
Ele parece elástico nos depoimentos. Devido à sobrecarga de tarefas, a mulher se obriga a administrar os minutos para se sentir em controle da agenda. E a atenção que ela dá aos filhos, tira dela mesma… com algumas exceções.
1. Faço “to do lists” no celular: o que comprar na farmácia, o que perguntar para a pediatra (que não é urgente e pode esperar a próxima consulta), que livros quero ler (para lembrar quando passar em uma livraria) etc. 2. Delego as compras básicas de supermercado para minha “secretária”: ela faz a lista, vai no supermercado do bairro, escolhe as coisas, eles entregam e ela guarda tudo. Pra mim, só sobram as compras menores e mais gostosinhas de fazer. 3. Hora do almoço (durante a semana): sempre aproveito para comprar alguma coisa, resolver problemas, etc. 4. Tenho uma “linha direta” com a babá, via torpedo. Se precisa comprar alguma coisa, se acontece alguma coisa durante o dia, fico sabendo rapidamente. 5. Checo meus emails à noite, depois que a Luísa dorme. 6. Não falo no telefone quando estou com a Luísa em casa. E mesmo com “tudo isso” ainda está faltando tempo para mim! Renata, 1 filha, gerente de branding em São Paulo, SP.
“Sou psicóloga clínica, tenho 3 filhos, sou professora e escritora. Tenho, portanto, muitas funções. Além disso, toco em uma banda e faço dança. É sem dúvida o perfil de uma verdadeira equilibrista. Mas o que tenho aprendido nesses anos todos, é que administrar o tempo é, na verdade, mais que isso; é administrar a vida. E não dá para pensar que a vida é um item que cabe numa agenda. É preciso estar constantemente atento e refletindo o “como” se está usando o tempo e onde se está na lista de prioridades da vida. Trabalho e desempenho sem Eros são apenas tarefas. E depois de todas cumpridas, o que sobra? A estratégia é, antes, olhar para o que está sendo equilibrado e para quê.” Sylvia, 3 filhos, psicóloga, professora e escritora.
“Costumo dizer que não uso relógio. Uso cronômetro!” Secretária do McDonald´s que assistiu a uma palestra da Cecília Troiano!
“Tenho a sorte de ter um trabalho de horários fixos, como professora, que me tomam 24 horas por semana e mais 6 adicionais flexíveis. Deixei em segundo plano a pesquisa científica de forma a ter mais tempo para me dedicar a meus filhos. Tenho muito trabalho a fazer em casa, entretanto. Procuro manter uma rotina fixa, chegando nos mesmos horários em casa e primeiro me preocupando com meus filhos. Quando meus filhos vão dormir às 19/ 19:30 tenho tempo para me dedicar ao meu trabalho propriamente dito. Meu marido ajuda bastante principalmente de manhã e no fim de semana, já que os horários dele não são tão flexíveis quanto os meus. Mesmo assim fico muitas vezes com a sensação de não estar fazendo o melhor possível tanto em termos de dedicação a eles quanto do meu trabalho (pesquisa). É necessário tentar equilibrar o melhor possível a tarefa materna e de trabalho. Isto implica na minha opinião em escolhas por um lado e perdas por outro lado. “Perder tempo” com as crianças é fundamental. Esta fase da vida é maravilhosa e exige amor, carinho e dedicação de fato (isto não significa que é necessário ficar com eles 24 horas por dia, pelo contrário é importante que haja também satisfação pessoal / no trabalho). Não é possível ser exemplar em tudo, mas sim tentar fazer o melhor possível com relação à tarefa materna e de trabalho.” Sonia , 2 filhos, professora universitária em São Paulo, SP.
“Minha vida de equilibrista começa às 6:30h da manhã quando reúno a turma (Rafael 3,5 anos e os gêmeos Gabriel e Henrique 7 meses) para levá-los à escola. Como passam o dia todo por lá, levo com eles uma “mudança” (roupas, papinha, leite, etc… pacote completo). Obviamente são várias “viagens” para descarregar o carro. Após deixá-los vou para a academia. Faço um programa de exercícios que não excede 40min, sendo bastante intenso, porém, curto. Vou para o trabalho, também com minha “mudança”, pois levo minhas refeições uma vez que tento não descuidar da minha alimentação. Trabalho contra o relógio o dia todo, minha agenda é bastante pesada. No final da tarde vou buscar meus filhos na escola. Quando chego em casa geralmente ainda tenho que finalizar algumas obrigações do trabalho preparando aulas, palestras ou mesmo trabalhando na minha tese de doutorado. Entre uma atividade e outra brinco com meus filhos. Depois que os coloco para dormir tenho algum (bem pouco) tempo para mim. Após o nascimento dos meus filhos aprendi o quão precioso é o tempo, não desperdiço sequer 5 minutos com atividades improdutivas. Não assisto a programas que não sejam educativos e qualquer minuto livre eu aproveito para ler um livro. Para otimizar o tempo no trânsito fico escutando meu i-pod que contem alguns audiobooks (e-books) com o objetivo de treinar meu inglês e ao mesmo tempo aprender algo. Posso dizer que certamente a vida de equilibrista me trouxe importantes ganhos, dois em especial são a produtividade e a habilidade de amar incondicionalmente o próximo. Isso eu devo às crianças maravilhosas que são meus filhos.” Ana Paula, 3 filhos, médica de Ribeirão Preto, SP.
“Faço listas, listas e muitas listas. Com margem para imprevistos e ordem de prioridades! E guardo momentos em que só me concentro nas minhas duas pequenas. De modo que tento não misturar duas atividades simultâneas (será possível?). Uma atividade de cada vez, de forma concentrada (nem sempre dá certo, mas a gente tenta). Assim, sou capaz de passar mais de um mês sem depilar as pernas, duas semanas sem fazer unhas e remarcar um exame médico (meu, não delas, claro) três vezes. Por outro lado, vira e mexe sobra uma sábado inteirinho para rolar no quintal com elas (com a unha por fazer e a perna peluda, beleza!). Ordem de prioridade é meu lema. Os últimos ítens da lista, em geral, ficam para amanhã, semana que vem ou nunca. Mas eram os menos importantes mesmo. ” Juliana, jornalista, dois empregos, duas filhas na creche das 10h às 18h30, uma ajudante doméstica das 10h30 às 20h, um marido gente fina que faz tudo mas chega quase às 20h em casa e trabalha todo sábado. Ah, sim: uma casa em São Paulo com quintal. Fundamental.
“Eu divido meus horários de almoço em 3 dias almoçando com o marido e dando atenção só pra ele e 2 dias em casa na hora do almoço, para levar a Sofia (4 anos) até a van que vai pra escola e fazer o Bernardo (6 meses) dormir depois disso. À noite, depois que as crianças dormem, cuido de mim e da casa.” Karin, 2 filhos, Angra dos Reis, RJ.
“Procuro ser objetiva nas tarefas e na definição de prioridades. São várias as tarefas: meninas, casa, marido, trabalho e a minha vida pessoal. Dentro dessas obrigações diárias, tenho claro que as meninas são a prioridade número 1, entretanto tenho o trabalho como uma parte importante também. Por isso, no dia anterior procura refazer a agenda na minha cabeça e muitas vezes abrir mão de compromissos ou tarefas para o meu dia não virar uma correria. Um outro ponto importante é fazer o roteiro do dia, uma vez que o trânsito é uma variável determinante nos dias de hoje. O que também me ajuda muito é ter o outlook atualizado com os compromissos, e deixar sempre uma hora entre um compromisso e outro. Para driblar alguns imprevistos conto muito com as minhas irmãs que me ajudam muito, e todos têm os meus telefones para emergências.” Luciana, duas filhas, São Paulo, SP.
“Acordo todos os dias às 6:15, levo uma das minhas filhas na escola e vou para o trabalho. Quando posso, volto mais cedo nos dias que as crianças dormem na minha casa, faço a feira nas quintas bem cedo e vou ao sacolão na sexta.No sábado às 6:00 faço a meditação em grupo que eu adoro e no domingo pela manhã, gosto de ir ao culto e ouvir música no museu.Procuro aproveitar os intervalos livres no consultório para estudar, nadar 2x por semana,fazer algum trabalho artístico/manual e quando consigo toco violão.Participo de um coral quinzenalmente e mensalmente participo de um círculo de mulheres aos sábados pela manhã.Quando tudo vai bem essa é a minha rotina mas, quando algum dos filhos fica doente…aí o bicho pega e acabo suspendendo tudo até que a rotina possa ser restabelecida.” Ana, 4 filhos, terapeuta em São Paulo, SP.
“Estabelecer prioridades: ensinando minha filha de 4 anos a fazer escolhas logo cedo. Mostrando que estas escolhas poderão refletir no futuro.E tentar fazer tudo com alegria, sem stress por mais que o dia a dia não ajude!” Adriana, 1 filha, assistente executiva em São Paulo, SP.
“Pra mim, a agenda do outlook é fundamental. Tento colocar os compromissos (todos) na agenda: consulta médica, aula, reuniões, aniversários, pagamento de contas, alguma outra tarefa especial e etc. No dia-dia da empresa, ao ler os e-mails, os que já estão resolvidos, movo para uma pasta específica, os q não estão permanecem na caixa de entrada. Em seguida, vou despachando-os e resolvendo-os por prioridade.Ultimamente, tenho tentado fazer home-office pelo menos uma vez por semana. Isso me garante um pouco mais de foco e concentração. Tenho menos interrupções.” Claudia, coordenadora de empresa de tecnologia em São Paulo, SP.
“Fazer logo as tarefas chatas, porém indispensáveis. Delegar pra quem confio. Não perder tempo com coisas que não trarão resultados concretos seja no curto, médio ou longo prazos. Isso serve tanto pra trabalho como para lazer, descanso (que tem enorme retorno!) e coisas do dia a dia. Faço listas de “to do”s semanais. Me ajudam a priorizar e é ótimo qdo chega o fim da semana e vc vê o quanto conseguiu “riscar” da sua lista!” Andrea, São Paulo, SP.
“Como o tempo está cada vez mais valioso, antes de qualquer coisa, eu penso em quais são minhas prioridades. Não só com relação às atividades do dia-a-dia, mas com relação a minha vida. Percebi que seria incoerente dedicar a maior parte do meu tempo ao trabalho se ele não é a coisa mais importante pra mim. Não tanto quanto cuidar de mim, curtir a casa e ficar com a minha família. Não pense que com isso não me realizo profissionalmente. A vantagem é que trabalho em casa e posso eu mesma administrar o meu tempo. Também não ganho rios de dinheiro e nem é minha pretensão ficar rica. Sigo a máxima “ter menos e viver mais”. Para administrar o tempo no dia-a-dia, sempre coloco no papel os afazeres do dia. A luta é tentar riscar todos os itens da lista. Às vezes consigo, quando não me distraio com outras coisas. Pela manhã, trabalho em casa no computador e quando tenho algo para fazer fora, deixo para a parte da tarde. Meus horários são bem flexíveis (sou jornalista e fotógrafa free lancer), há dias em que não tenho muito trabalho aí aproveito para ficar com a Maria Luisa. Mas todo santo dia, depois das 18h, começa meu expediente integral com ela. Até a hora de ela dormir. Daí aproveito para conversar com o marido, namorar um pouquinho, assistir TV, ler uma revista ou livro da pilha que só se acumula, ler os últimos e-mails e depois, cama.” Alessandra, 1 filha, jornalista e fotógrafa em Curitiba, PR.
“Administrar o tempo, hoje em dia, é uma arte! Todos os dias levo o Matheus para a escola, pois acho importante pelo menos um contato por dia com a escola, o que é muito proveitoso. Geralmente é neste momento que escutamos sobre o que se passa na escola e, se for o caso, depois buscar mais informações a respeito e analisar o andamento da educação do meu filho. Uma estratégia que uso é de o Matheus voltar com o transporte escolar pra casa. Se algum dia fico mais enrolada, peço também para levá-lo para a escola. Outra maneira de conseguir driblar o tempo escasso, é deixá-lo na escola no extensivo – o que faz o tempo render – faço durante o dia tudo o que não dá pra fazer com o Matheus por perto e quando ele chega, me dedico a ele com mais qualidade.” Fernanda, 1 filho, autônoma em São Paulo, SP.
“Bem, minha administração nem sempre funciona como o planejado. Portanto, acho que a regra número um é não ser tão rígida com fórmulas e agendas, porque para uma “administração com bom senso” é preciso muito jogo de cintura para fazer adaptações de última hora. Como sou jornalista autônoma, posso muitas vezes organizar meus horários para estar com eles e compensar no trabalho à noite, se for necessário. Em geral, as manhãs, bem cedo, são para mim. Ginástica ou caminhadas, que fazem um bem danado para a cabeça. Depois começa o leva-e-traz de criança para todas as 1001 atividades, uma tarefa compartilhada com meu marido, justiça seja feita. Uma delícia, claro, mas obrigação também. Almoçamos juntos antes de eles irem para a escola e, na parte da tarde, trabalho. Muitas vezes o trabalho tem que começar cedo, a rotina muda, mas essa é a forma que a casa funciona, de um modo geral.” Simone, 2 filhos, jornalista no Rio de Janeiro, RJ.
“Algumas das minhas estratégias: ouvir noticiário na CBN enquanto estou no trânsito de manhã; fazer a unha e massagem na hora do almoço durante a semana; fazer compras de presentes, livros, lembrançinhas e outras coisas pela internet; usar serviço de leva e traz do lava-rápido; pagar todas as contas pela internet; contar com a empregada para fazer a lista do que falta em casa; planejar bem cada dia, principalmente os dias mais fora da rotina; deixar o banho da cachorra agendado com o pet shop de 15 em 15 dias, com serviço leva e traz. E, principalmente, ter pensamento positivo, sempre acho que vai dar tudo certo no final!!!” Elke, 1 filho, gerente de marketing em indústria farmacêutica em Barueri, SP.
“É assim que eu me vejo, sempre correndo atrás da agenda que não cumpri, da atenção que não dei à minha família como gostaria, dos compromissos aos quais faltei, dos telefonemas que não respondi, da palavra amiga que deixei de dizer na hora certa…hoje, depois de outro hoje, depois de outro ainda mais urgente hoje. E para quê?” Márcia Neder, diretora de redação da revista Claudia, no editorial da edição de outubro.
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