Lançamento livro: Garotas Equilibristas, o projeto de felicidade das mulheres que estão chegando ao mercado de trabalho

 

O que querem, pensam e sentem as jovens mulheres, que estão passando de estudantes a entrantes no mercado de trabalho?

Em meu terceiro livro, Garotas equilibristas: o projeto de felicidade das mulheres que estão chegando ao mercado de trabalho (Pólen Livros) e que será lançado ainda em outubro, compartilho em detalhes minha recente pesquisa para entender como as universitárias brasileiras estão guiando suas futuras escolhas e expectativas com relação à carreira e vida pessoal. Meu objetivo principal foi estudar o quanto essa geração de mulheres jovens que chega ao mercado de trabalho está desafiando (ou não) a dualidade atual que polariza trabalho e família.

Longe do ideal, perto do possível

Recentemente estive em um evento onde tive a oportunidade de palestrar e o privilégio de ouvir mulheres inspiradoras. Muitas vezes tenho impressão de que ainda precisaremos de muitas discussões como essa uma vez que as perguntas que surgem da plateia mostram temas que estão longe de serem resolvidos. Ou, outra forma de ver isso, é pensar que há sempre uma nova geração chegando e que fará os mesmos questionamentos, mesmo que com uma roupagem renovada.

Um desses temas persistentes em eventos, onde temos mães na plateia, é o da conciliação maternidade e trabalho. Aliás, o termo que criei em 2007 (e que também é o tema guia de minhas colunas), “Vida de equilibrista”, veio dessa inquietação constante que carregamos. E não há evento desse tipo que alguém na plateia não levante a mão e pergunte:

“O que é mais importante: qualidade do tempo com os filhos ou a quantidade de horas que passamos juntos?”.

Pois é, neste evento não foi diferente e a mesma pergunta veio contextualizada pela vida de uma mãe equilibrista da plateia.  Ela estava sofrendo porque tinha muito pouco ou quase nada de tempo para o filho nos dias de semana e que tentava usar o máximo do seu tempo do final de semana para essa relação. A pergunta foi lançada num painel com a presença de uma pediatra, que com bom senso, experiência e empatia, respondeu algo mais ou menos como:

“ Essa situação que você vive está longe do ideal mas perto do possível neste seu momento”

A frase acima é da Dra. Florencia Fuks, que compunha o painel e foi quem respondeu à dúvida da mãe da plateiaDesde quando ouvi suas palavras pensei muito sobre o tema e sobre as palavras usadas pela médica. Acho que cada palavra proferida pela Dra. Florencia é preciosa e por isso tomo a liberdade de olhar mais atentamente para cada uma delas com vocês agora.

Começando por “longe do ideal”. Já temos aqui duas palavras que me fazem refletir. Sim, existe um mundo supostamente ideal e neste mundo talvez pudéssemos equilibrar mais nossas horas ou, pelo menos, administrá-las como acharmos mais adequado. Mas, na vida real talvez estejamos longe disso. Nossas horas escapam de nosso controle e a correria do dia a dia, gostando dela ou não, toma boa parte de nossas rotinas. Cabe aqui uma observação: o ideal é algo muito pouco definido e toma formas muitos variadas em cada um de nossos lares. Seja porque mães são diferentes umas das outras, seja porque nossos filhos são, da mesma forma, únicos à sua maneira. De todo modo, cada um de nós tem um ideal e a pergunta da mãe da plateia indicava que para ela o ideal não estava próximo. Também a resposta da médica afirmava que a vivência dessa mãe estava longe do ideal, uma vez que ela pouco ou nada ficava com seu filho durante os dias da semana. Mas calma, isso apenas uma parte da história e uma parte da resposta.

Indo para o outro lado da frase, “perto do possível”, talvez aqui resida a grande sacada e inspiração para a mãe da plateia e tantas outras. Cada uma de nós tem um possível, o ponto que para nós é o melhor que podemos fazer. Acredito muito que devemos nos pautar para estar o mais perto que consigamos do possível. É neste ponto que está o nosso ponto máximo e reflete a nossa realidade.

Soma-se a esse estado possível a continuação da frase, “…neste momento”. Aqui fica claro que as coisas são transitórias e mutantes. Neste momento é um tempo do presente e neste presente, este é o seu possível, seu máximo seu melhor. Em outros momentos poderá ser diferente, para mais ou para menos, mais perto ou mais longe.

Em suma: nossa felicidade e a de nossos filhos não estão no ideal, já que este não existe. Ela está naquilo que é possível fazermos por eles, naquele momento. Sugiro que pautemos nossas vidas de equilibristas menos contabilizando horas e muita mais vivendo momentos. Muito mais usufruindo o que temos do que nos punindo pelo que não fizemos. Muito mais pelo possível do que pelo ideal.

 

 

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Terceirização da Intuição

 

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Antes que eu seja acusada de dar pouca atenção à informação, à leitura ou aos avanços, posso afirmar que de maneira alguma sou contra sermos pais bem informados e bem preparados. Aliás, não faria sentido nenhum, no mundo em que vivemos, não sugarmos toda a informação que está a nosso dispor. Isso é uma coisa e sou a favor.  Mas o que discuto aqui é bem diferente. Meu ponto é a substituição da intuição dos pais pela informação ou sapiência de um terceiro, um estranho. Alguém que não está no dia a dia, não gerou a criança e tampouco conhece a realidade dos pais e dos filhos….(acesse link abaixo e continue a ler).

https://www.paisefilhos.com.br/blogs-e-colunistas/vida-de-equilibrista/terceirizacao-da-intuicao/ Continuar lendo

Não basta ser mãe brasileira nos USA, tem que fazer feijoada!

Estou vivendo a vida de uma mãe equilibrista americana, mantendo o jeitinho de mãe brasileira, claro. Já há 8 meses vivendo em Atlanta, a cada dia sou surpreendida por mais um desafio dessa convivência latino+americana.  Meu último desafio foi preparar uma feijoada para o “International Lunch” da escola do meu filho. Fiquei sabendo há pouco mais de 3 dias que ele escolheu, voluntariamente, levar feijoada como o prato típico brasileiro, claro, já sabendo que quem ficaria com o “mico” seria a mãe. Na hora em que ele me comunicou perguntei: “mas por que você não escolheu brigadeiro? Beijinho?”. Tarde demais, a escolha já estava feita e marcada no cardápio do dia. Feijoada será então. Ainda bem que americano e ainda mais garotos de High School não tem muita noção do que é uma feijoada boa, aliás acho que nem sabem direito o que é. Sorte minha (e deles) porque sou uma brasileira que NUNCA fez feijoada na vida!!!

Mas, como não basta ser mãe nos USA, tem que fazer feijoada, vamos lá, mão à obra. 

Aproveitando-me do jeito prático de viver das donas de casa americanas, usei e abusei dos produtos pré-prontos. Afinal, o “American way of life” existe para ser usado, certo? Feijão preto em lata seria meu ponto de partida. E os pertences da feijoada? Onde iria achar carne seca, paio? A loja brasileira mais próxima fica distante da minha casa e nem teria tempo de ir até lá, com todas as outras demandas que tenho com mestrado e trabalho. O jeito criativo que encontrei foi de comprar linguiça (beef sausage) e smoked ham (tipo um tender). E o mais importante, comprar um belo caldeirão. Fora isso, o básico: cebola, alho e ervas. Por sorte, os supermercados daqui são super abastecidos e no Kroger (nosso Pão de Açúcar) encontrei tudo o que precisava. Ah, me esqueci de dizer, a feijoada seria uma “semi-feijoada” porque não estaria acompanhada de farofa nem de couve. O mais parecido que vi com couve por aqui se chama “kale” mas o sabor é bem diferente. Achei que tudo bem ser uma feijoada com arroz branco e laranja apenas. Para quem nunca tinha feito uma feijoada na vida, estaria de bom tamanho para o evento da escola. O arroz, claro, também optei por um que não me faria passar vergonha. Caso contrário, meu arroz seria o do tipo “unidos venceremos”. Mas o arroz que escolhi basta ferver a água já com os temperos e depois jogar sobre o arroz cru, tapar e esperar, fica pronto em 5 minutos. E pasmem, soltinho!!

Para incrementar o feijão, dei uma bela refogada na linguiça e no presunto, depois joguei o feijão com um pouco de caldo de carne (bem que procurei mas não achei aqui aquele caldo de feijão tipo Knorr que temos no Brasil). O apartamento já começou a cheirar com gostinho de Brasil (não são todos os gostos de Brasil que atualmente me apetecem mas nossa comida tem seus méritos!) e vejo meu filho salivando no sofá da sala. Ufa, passei no primeiro teste, pelo menos minha feijoada está cheirando à feijoada, já é algum sinal positivo.

Encurtando a história, a feijoada ficou pronta, o arroz e as laranjas picadas. Tudo pronto para ser levado na escola, às 10 da manhã. Teria que ser às 10 mesmo porque aqui, quando falam que é para chegar às 10, eles querem dizer 10 mesmo, não 10:05. Mãe equilibrista aqui tem que ser pontual, além de saber cozinhar. Toda orgulhosa levei a feijoada e os acompanhamentos. Até concha e talheres para servir inclui na entrega.

Escrevo esse texto e nesse momento é pouco depois do meio dia. À essa altura eles devem estar comendo a feijoada. Meu Deus, como será que está? Sobreviverão aos meus dotes culinários ou mancharei a reputação da “marca” Brasil no exterior pelo uso indevido de seu ativo típico mais famoso, a feijoada? Será que perderei a cidadania brasileira? Estou ansiosa para meu filho chegar no fim do dia e contar qual é meu veredicto.

Ah, último detalhe – para dar um toque de Brasil, imprimi uma bandeira do Brasil e colei na face externa do caldeirão, identificando o prato (confiram na foto desse post). Além disso, para ser bem “correta”, inclui os ingredientes usados. Vai que algum americano tem alergia a cebola e eu sou processada! E para ser ainda mais “americana”, coloquei uma informação adicional: gluten free and dairy free! Nunca tinha olhado para uma feijoada desse jeito, sendo “free” de alguma coisa e me diverti muito com isso.

Bom, já devem ter percebido que não sou nada de cozinha, tenho poucos conhecimentos nesse espaço doméstico mas minha estada nos USA, além de me aprimorar nos meus estudos, está me fazendo praticar a culinária.


Não custa repetir: Não basta ser mãe brasileira nos USA, tem que fazer feijoada!

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